Morreu na manhã de hoje (30/04) o homem mais sumido da música brasileira.
Cearense de Sobral, Belchior é dono de uma das vozes mais emblemáticas e imitadas do nosso tempo.
Lembro de gritar eu não estou interessaaaaaaduuu em nenhuma tiuria com a Rita, minha comadre. Depois que ela morreu, eu fiquei mais de um ano sem conseguir ouvir esta música. Também me lembro de voltar do almoço para a redação da rádio onde eu trabalhava, na UFMG, descendo a ladeira cantando com a Lólis que um tango argentiiiino me vai bem melhor que um blues… Todo mundo que viveu ou que estudou a ditadura militar sob o viés da música tem histórias com Belchior. Tanta gente, como o Vinícius, meu amigo que veio de Padre Paraíso para morar em BH, se identificam com a máxima de que são apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior.
Foto de Januário Garcia.
Direção de arte de Aldo Luiz.
Layout e arte final de Nilo de Paula.
Além de ser um disco incrível, essa é uma das capas de que mais gosto. Alucinação foi lançado em 1976. A direção de arte do disco ficou a cargo de Aldo Luiz, responsável por mais de dez anos pelas capas de disco da Polygram (hoje Universal). Segundo a Wikipédia (risos), o layout e a arte final foram responsabilidade de Nilo de Paula (mas depois confirmei essa informação no verso de um vinil). Não achei muitas informações sobre ele na internet, mas ele participou do processo de várias outras capas importantes como Falso Brilhante, da Elis, e Urubu, do Tom Jobim. A foto da capa é de Januário Garcia.
Há alguns dias, pesquisando mais sobre os créditos de Alucinação, encontrei algumas imagens feitas pelo Januário Garcia durante a sessão para esse disco.
Não consegui encontrar a foto original que foi parar na capa. Mas estas são fotos belíssimas que ajudam a reforçar o mistério em torno de Belchior. Como não havia postado antes, fica como homenagem póstuma ao cantor de um dos discos mais importantes da minha vida.