É pra ouvir de uma vez só. Kiko Dinucci liberou na última semana o primeiro disco em que assina como artista solo – mesmo sempre rodeado por seus habituais colaboradores. Disponível para download em seu site, o .zip vem com o pdf com as letras e todas as músicas em um só mp3. No Facebook ele explicou que “o disco flerta com a montagem cinematográfica”, então é pra ouvir numa tacada (para desespero dos usuários de last.fm). Ou, como ele provoca “você costuma separar as cenas de um filme na hora de assistir?”. O último arquivo na pasta é o cortes_capa_web_medio.jpg:
Dinucci contou à Noisey como chegou nesta capa:
“É um PM me dando um enquadro. Isso aconteceu em um show em São Paulo que fiz em apoio ao Movimento Passe Livre contra o aumento da tarifa. Quando cheguei pra fazer o show na escadaria do Teatro Municipal, o pessoal do movimento não tinha chegado e a polícia me pegou. Perguntaram se eu trabalhava, se era do movimento, essas bostas. Daí, enquanto o policial revistava meus pedais de efeito e guitarra, o Vitor, um colega que estava no público, tirou umas fotos no celular e me mandou. Foi constrangedor porque um monte de gente que foi ver meu show acabou assistindo o meu enquadro, uma situação surreal. Mas ao mesmo tempo eu pensei: se alguém fotografar, será a capa do disco. Não por acaso eu apresentei naquele dia — só com guitarra e voz — um monte de músicas do Cortes Curtos”.
Lendo essa história lembrei de um show do Metá Metá em BH no primeiro semestre de 2016, em que eu, colada no palco, vi uma pausa na sequência de músicas para a gente (público e banda) conversar um pouco sobre o golpe em curso. E o que mais me lembro era o tanto que o Kiko Dinucci tava PUTO com essa história toda, e como isso deu o tom do show. E o tanto que essa capa, agora, não se faz urgente? É inevitável falar sobre isso, em todas as áreas da vida, principalmente se você é artista.
O músico pretende lançar o disco fisico em tiragem limitada usando risografia.
Outra coisa que lembrei foi desse seu lado fazedor de capas. Seu portfólio tem desenhos, ilustrações e pôsteres de shows do Metá Metá e de outras bandas. Dinucci assinou trabalhos gráficos do Metá Metá, as xilogravuras das capas do Passo Torto, que pra mim viraram uma marca da banda, e também fez a arte do Encarnado, disco da Juçara Marçal cuja capa foi censurada pelo iTunes por conter mamilos! Selecionei algumas pra postar.
