A banda goiana Carne Doce foi responsável por um dos lançamentos mais interessantes de 2016. Ao longo das onze faixas de Princesa, a vocalista Salma Jô não pede licença para discutir temas do universo feminino, e acaba por moldar dois níveis de conversa: há o diálogo com todos e há a conversa de mulheres, sobre assuntos nossos e de mais ninguém. Daí o interesse gerado por faixas como Falo, Cetapensãno e, principalmente, Artemísia, nome dado em referência à tal planta com propriedades abortivas. 

A capa de Princesa também segue este conceito, retrata a crueza do universo feminino, esquece os arquétipos e o rosa da propaganda de absorvente para se entregar à textura. O cinza e o vermelho gritam na tela.

O trabalho é uma criação da artista Beatriz Perini, parte do projeto ”behaviour modificator tele command”. No seu perfil do Cargo Collective é possível ver outras imagens com outras cores.

Beatriz conta em seu blog que “nunca soube direito o que fazer com ele, tava guardado”. Salma Jô e Macloys Aquino viram a série e convidaram a artista não somente para ilustrar a capa, mas também para assinar o projeto gráfico do disco.

Não tive oportunidade de ver o disco físico, mas imagino que no papel toda essa textura fique ainda mais evidente.